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Beckett - Primeira Jornada

a partir de "O Improviso de Ohio", "Eu Não", "Fragmento de Teatro I" e "Respiração", de Samuel Beckett

estreia em Coimbra, a 19 de Dezembro de 1996

Pátio da Inquisição

Em 1997, no Dia Mundial do Teatro, foram apresentadas 3 sessões do quadro "Eu Não".
total de espectáculos - 23 (Coimbra e São Paulo)
total de espectadores - 944

14ª produção - A Escola da Noite©Dezembro1996


Ficha Técnica:
•••Tradução: José Vaz Simão / Alberto Nunes Sampaio.
•••Encenação: António Augusto Barros.
•••Elenco:
•••••••••O Improviso de Ohio L > José Vaz Simão; O > António Jorge
•••••••••Eu Não Boca > Sílvia Brito; Mulher > Rosário Romão
•••••••••Fragmento de Teatro I A > António Jorge; B > José Vaz Simão
•••••••••Figurantes Sofia Lobo, Sandra Resende ou Ernesto Pires
•••Cenografia: António Augusto Barros e João Mendes Ribeiro.
•••Figurinos e adereços: Ana Rosa Assunção.
•••Assistência de encenação: Sílvia Brito.
•••Produção: José Fonseca.
•••Banda Sonora: José Vaz Simão.
•••Desenho e operação de luz: Nuno Patinho.
•••Operação de som: Sérgio Julião.
•••Fotografia: Augusto Baptista.
•••Grafismo: Ana Rosa Assunção.
•••Direcção de montagem: António Jorge Dias.
•••Direcção de cena: Rosário Romão.
•••Execução de cenografia: Carlos Figueiredo.
•••Execução de figurinos: Isilda Rodrigues.
•••Colocação de espectáculos: Sílvia Brito.
•••Divulgação: Rosário Romão.
•••Relações com a imprensa: Isabel Campante.
Beckett

[s/ título]

Beckett - Primeira Jornada foi, para A Escola da Noite, um dos espectáculos mais ansiados e, ao mesmo tempo, o mais inquietante, até aqui, desta série de Pequenos Cartões de Visita.

A poucos dias da sua estreia coexistem, na companhia, sentimentos de diversa ordem. Por um lado a velha falta de condições que, sistematicamente, nos impede de gozar, com a tranquilidade merecida e necessária, a construção de cada trabalho. Por outro lado, sentimos a nossa própria estranheza, inerente ao universo sensível daquele dramaturgo irlandês e aos próprios resultados obtidos nesta primeira incursão.

Cada espectáculo que construímos pressupôs sempre uma clara partilha, com o público, de um processo de criação e aprendizagem sobre o que podia constituir matéria de reflexão humana e/ou teatral. Sem um interesse pedagógico evidente, mostrando, em cada momento, as nossas opiniões sobre o ser humano e sobre as suas vicissitudes e, ao mesmo tempo, o que nos interessava da experiência teatral. Foram sempre processos muito distintos, conduzidos pelos diferentes criadores que trabalharam connosco ou despoletados por alguns textos fundamentais (como “Susn” ou “Ella”, de Achternbush, “Auto da Índia” e “Floresta de Enganos”, de Gil Vicente, “Leôncio e Lena” de Büchner, “O Boné” de Thomas Bernhard e muitos outros, alguns dos quais apenas objecto de trabalho interno). Escolhas que, mais do que qualquer discurso teórico, foram definindo um discurso artístico específico para esta companhia.

“Beckett - Primeira Jornada” foi como que uma fase acelerada deste processo de amadurecimento, enquanto pessoas e enquanto “fazedores”. Se Beckett se foi tornando, no seu percurso, cada vez mais elementar, também nós nos testámos numa espécie de procura do “essencial” — um esforço de contenção quase obsessivo, uma forma de concentração no que é simples. Umberto Eco fala por vezes nos “protocolos” entre o narrador e o leitor. É impossível ao narrador contar tudo sobre uma personagem, sobre uma paisagem, ou mesmo sobre um instante. O narrador pede então ao leitor que faça parte do seu trabalho, completando no seu imaginário o universo que o narrador pretende criar. Beckett leva ao limite o esforço (e, em última análise, o protagonismo) do leitor / espectador que se envolva no seu trabalho. Vidas inteiras são expostas por sinais, sons, pequenos textos. Mais do que descrever, Beckett “instala” situações, sentimentos.

No entanto, este enorme volume de “não-dito” com que o espectador se depara parece não afectar o entendimento dos seus trabalhos. Se o texto em si nos parece entrecortado, as indicações de cena são precisas. Preciso é igualmente o ritmo dos textos, os sons, o discurso cheio de teatro. Em Beckett há uma espécie de sabedoria que, tanto no plano ético como estético, se constrói no rigor e na diversidade, no longo caminho traçado. Degustar cada palavra, cada silêncio, experimentar a doce incomodidade das suas personagens de cabelos enfraquecidos e mãos trémulas, é uma emoção que não se consegue partilhar na totalidade. Talvez o universo que se pede ao espectador para recriar seja, desta vez, de difícil digestão: a velhice, a solidão, o patético, aliados por vezes a um humor negro, colocam geralmente em evidência a incompletude da existência e das relações humanas.

A Escola da Noite
in programa do espectáculo. Saiba mais sobre os conteúdos do programa aqui.

Sobre este espectáculo:

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