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DEBATE
Oposição e movimentos criticam política cultural da autarquia
Carlos Encarnação, oposição e movimentos artísticos trocaram argumentos num debate sobre a política cultural da cidade. Subsídios e equipamentos centraram a discussão.

O primeiro a fazer a acusação foi Pinto Ângelo: “creio eu que há alguns grupos que há pelo menos dois anos que não recebem apoios”, afirmou o representante da CDU na Assembleia Municipal. Depois, foram vários os representantes de movimentos culturais de Coimbra, presentes no debate sobre “Coimbra 2007: Que política cultural?”, promovido pelo Conselho da Cidade, na Casa Municipal da Cultura, a insurgirem-se contra a falta de cumprimento dos protocolos estabelecidos entre a autarquia e os grupos.

Carlos Encarnação respondeu dizendo que os “protocolos que existem são muito poucos”, acrescentando que “não há nenhum a não ser o da Orquestra Clássica do Centro”. “Os outros estão todos a ser negociados”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Coimbra.

Antecipando-se às críticas dos representantes do Bloco de Esquerda e CDU (o PS não se fez representar no debate), Carlos Encarnação destacou o investimento em equipamentos culturais feito pela autarquia, nomeadamente a construção do Teatro da Cerca de São Bernardo, do Centro de Artes Visuais, a adaptação do Museu dos Transportes à prática teatral e a aquisição das casas dos poetas João Cochofel, para a criação da Casa da Escrita, e Miguel Torga, para um centro de estudos torguianos. Estruturas, que representaram um investimento de oito milhões de euros.

Como já vem sendo hábito, o edil criticou as opções do poder central, nomeadamente a falta de investimento em Coimbra, em comparação com Lisboa e Porto: “acontece que a única casa de teatro construída em Coimbra pelo Governo foi o Teatro Académico Gil Vicente, no anterior regime. A democracia construiu zero infra-estruturas culturais em Coimbra”.

Desinvestimento que se reflecte, por exemplo, na construção do Conservatório. Acusado por Pinto Ângelo de não fazer pressão suficiente sobre o Governo nesta matéria, o antigo deputado na Assembleia da República afirmou que “a forma de pressão em relação ao poder central não é nada tímida”. Encarnação garantiu ainda que a autarquia comparticipa com metade do projecto, mas que o Governo ainda não se decidiu.

Os partidos da oposição estranharam a visão optimista de Encarnação sobre o panorama cultural da cidade e partiram para o ataque. Falta de estratégia cultural, de aposta na cultura como modelo de desenvolvimento, de apoios, de ligação e cooperação com o mundo artístico e incumprimento de protocolos foram algumas das críticas feitas.

O detrimento de Coimbra a favor de Guimarães para Capital Europeia da Cultura em 2012 mereceu igualmente críticas dos representantes dos partidos políticos. “A câmara esteve reunida com o Governo e percebeu logo que a capital europeia da cultura não vinha para Coimbra”, referiu o presidente da câmara.

* Com Lusa

AS BEIRAS 18/ABRIL/2007